domingo, 27 de abril de 2014

Galáxia muda

As ruas estão desertas e as folhas esvoaçam pelo alcatrão em liberdade.
Nos passeios ecoam sons difusos, lembrando passos apressados que perderam razão de existir.
Nas janelas sem vidros murmuram cortinas esfarrapadas de dor sem olhos que espreitem.
O sol não aquece nenhum vento antes da lua que repousa pendurada nas árvores.
Não sinto o chão e os pulmões secaram com o fumo de dedos queimados de esgravatar sonhos.
Tudo se apaga lentamente e não sobra viv'alma que aprecie o meu partir.
Cumpro o destino e navego num mar largo e estranhamente chão sem horizontes que se toquem.
É este o meu mundo existindo onde nada mais existe.

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