Vou contar-te um segredo que não é bem um segredo é mais uma confissão.
Sinto-me impotente para te descrever e isso aflige-me.
E esse segredo é também um desejo, o de reunir o mundo nas minhas palavras, intérprete, conseguisse traduzir as imagens, as cores, os sons, os perfumes, o movimento, com o toque dos meus dedos, e no monitor que complacente fica estático à minha frente as mesmas voltassem na sua dinâmica a ser imagens, cores, sons, perfumes, movimento, coisas que apreendesses com simplicidade e te reencontrasses e revisses nelas e dissesses: sou eu de quem falas, sou eu que te atormenta sem necessidade, sem querer. Estou aqui, amo-te! Esperei-te tantos anos, vem me buscar!
Num instante eu iria e dentro de mim esta inquietação, as imagens, as cores, os sons, os perfumes, o movimento, finalmente estancariam, descansando. O véu desta paz que não conheço seria o manto, o lençol, o leito apaziguador no qual sereno te diria tudo o que tenho para dizer e te amaria.
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