Estávamos em 1974 e pensávamos, pelo menos pensei eu, que
passada a fase instável da criação dos alicerces da democracia, o advento da
alfabetização generalizada, o acesso à educação, a recuperação do atraso
cultural de Portugal, iriam diminuir, ou acabar, com a força e a influência do
"boato".
Erro meu. Ingenuidade indesculpável. A democratização do
país e do ensino, trouxe e acelerou uma mediania intelectual que reforçou e
cimentou a força do "boato".
É sintomático que um jornal que não devia existir numa
sociedade civilizada, educada e esclarecida, seja o principal órgão de
comunicação, que não de informação. Que viva à custa da especulação e do boato.
Que viva à custa da miséria, da dor e da honra das pessoas.
Sempre defendi a liberdade de informação. Mas a existência
de um Correio da Manhã faz-me pensar. A manipulação da informação, o boato, a
mentira descarada, são os parâmetros éticos e deontológicos porque se rege o
CM.
E o pior, o que me entristece mais, é que o povo gosta.
Cito aqui, porque adequado, uma frase de um blog “defender o
quadrado”, em 4 de Novembro de 2006: “Portugal anónimo, servil, humilde e de chapéu na mão, dá largas à
frustração usando a sua mais hábil e antiga arma vingativa: a maledicência.”
Subscrevo.
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