Chegou o tempo
Em que tudo o que me cansa, cansa-me
Em que tudo o que não gosto, não gosto
Em que não procuro o que não me procura
E o desejo vazio e cinzento assola-me
Chegou o tempo
De me cansar até estar exausto do que não gosto e não
procuro
Sou apenas um junco oco no juncal
Ecoando o rio onde aves nadam e peixes voam
E a felicidade é uma nuvem repleta de estrume
Com forma de borbulha na nádega esquerda de deus
Chegou o tempo
Em que respirar não chega nem é lúcido
Nesta cama em que me vejo de estrelas mortas
Chacal beijando as fontes onde a água fresca canta
Procrastinando o seu bondoso suicídio
No lodo repleto de moscardos
Sem comentários:
Enviar um comentário