sábado, 28 de fevereiro de 2015

Recriação



É fácil apagar as montanhas!
Assim como é fácil apagar as estrelas, os planetas, tudo o que existe e que eles contêm, tudo o que mexe ou está imóvel.
Tudo o que respira e vive, ou tudo o que apenas “está” e é indiferente e não quer saber quem eu sou.
Tudo o que muda e está em mudança ou aquilo que é imutável.
É fácil, extremamente fácil, apagar tudo.
As montanhas e a urze gelada que as cobre, as estrelas e as suas variegadas luzes de milhares de milhões de anos, os planetas e as suas diferentes atmosferas, os animais e as rochas.
Muito fácil.
Sou eu dentro de mim. Em silêncio, obscuro.
No entanto, depois de tudo apagar, fecho os olhos e assaltas-me, viva, luminosa, melodiosa, retirando-me o silêncio e a escuridão.
E recrias, lentamente, a criação.




1 comentário:

Ana Carvalho disse...

Bendito esse amor que arde e que provoca uma erupção de letras que teimam em não morrer.