sábado, 14 de março de 2015

Só se me leres como eu te leio

É escusado fazer de conta que escrevo
As palavras nascem e eu não sou parteiro
Adoecem e não sou médico
Transfiguram-se e não sou mágico
Tenho um astrolábio que me indica a hora
Um relógio que me indica o rumo
Uma régua que traça curvas
Uma parede que serve de prumo
Tenho chão que me cobre a cabeça
Um tecto onde finco os pés
Uma cama onde escrevo
Uma mesa onde durmo de través
Tenho uma janela por onde entro
Uma porta por onde espreito

O que poderia ter feito

É escusado fazer de conta que escrevo
Só se me leres eu apareço



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