domingo, 8 de março de 2015

Enquanto há sol





Sempre que te escrevo é como se fosse a primeira, é como se fosse a última. 
Por isso quero colocar tudo o que sou no que escrevo cada vez que te escrevo. 
Que as marcas na minha alma fiquem claras e que deixem a minha marca em ti 
como as tuas deixaram em mim, indelevelmente. 
Que um dia te possas lembrar que não existiu ninguém como eu, assim como eu 
me lembrarei de ti.
Aqui ao sol, com um café e um cigarro, depois de um tão longo inverno, não sei 
se o que escrevo terá esse efeito mas é uma presunção minha, e lá diz o ditado 
que presunção e água benta cada um toma a que quer. 
E eu tomo o sol, aqui ao sol, enquanto há sol, sentindo-te no raios que passeiam 
pela minha pele.
Nunca saberemos se será assim como desejamos. Mas conforta-me pensar que sim.
Os dias poderão passar, o tempo será outro, virão outros verões, outros invernos, 
sempre na certeza das primaveras, estaremos mais velhos, poderemos, até, 
seguir caminhos muito diferentes mas seja qual for o que escolheres, se quiseres, 
eu estarei lá, de braços abertos para te receber e para passar os dedos 
pelo teu cabelo, no fim desta viagem.
Sempre que te escrevo é como se fosse a primeira, e esta pode muito bem ter sido a última.


1 comentário:

Unknown disse...

Rui.Não sei se é uma poesia ou um texto.Para mim é poesia, das mais belas que você já escreveu.A cerejeira em flor, é linda. É de uma delicadeza sem igual.Parabéns,Rui.