As minhas mãos pairam inconscientes, nuvem sobre o teclado.
Esperam por ti.
Não sei se quereriam esperar por ti assim ou de outra maneira, mais suave,
tacteando a tua pele. Mas é uma questão de oportunidade.
tacteando a tua pele. Mas é uma questão de oportunidade.
Certo é que não só elas, mas todo eu, nos tornámos um veículo teu,
incapaz de dominar qualquer acto volitivo, físico ou criativo.
incapaz de dominar qualquer acto volitivo, físico ou criativo.
Possuído, de repente, movimentam-se rápido.
Sou tomado pelas imagens que perpassam por mim, os sons e o coração
recrudescem, cada vez mais fortes.
recrudescem, cada vez mais fortes.
Não sou eu, é o prenúncio da tua invasão.
Não me lembro de ter resistido. Não sei se quereria ter oposto alguma resistência
ou opor, um dia.
ou opor, um dia.
Fico quietinho num canto a assistir às descargas, os neurónios e as suas sinapses
revolteando, a observar a génese da vida enquanto me tomas para ti,
espectador incapaz de mudar o curso dos acontecimentos.
revolteando, a observar a génese da vida enquanto me tomas para ti,
espectador incapaz de mudar o curso dos acontecimentos.
Sou surpreendido e desconheço o que as minhas mãos escrevem, corro o risco
de ser dado como inimputável enquanto cruzo estas fronteiras entre nós.
de ser dado como inimputável enquanto cruzo estas fronteiras entre nós.
Considerem-me justificado.
Porque há um processo que levas a cabo sem eu querer e que me apraz.
Ter-te assim, sem pedires licença.
Seja o que for que escrevo és tu que escreves em mim.
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