sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Glory in the flower




What though the radiance which was once so bright
Be now for ever taken from my sight
Though nothing can bring back the hour
Of splendor in the grass, of glory in the flower
We will grieve not, rather find
Strength in what remains behind

...



William Wordsworth (1770-1850)

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O meu país

Este país tem qualquer coisa de indefinido, qualquer coisa de baço, cinzento.
Nem as cores com que se pinta iludem a tristeza que me atormenta de aqui viver.
Desgraçadamente português sabendo que não quero ser desgraçadamente de outro lado qualquer.
É o meu destino, o meu fado, a terra que fez o meu caminho e servirá para me cobrir um dia.
E irrita-me saber que por mais que me entenda do mundo, do universo, é aqui que quero amar, é aqui que, enquanto puder, respiro. Mesmo baço, cinzento e indefinido.

Digo mal de ti. Talvez. 
Mas é uma história entre nós dois, secreta e íntima.





Há...


Há uma nuvem, um pássaro,
Há uma terra, uma planta, um espinho,
Há um barco, uma onda e uma pedra,

E nem um raio de sol neste caminho.

Há um grito, um sonho,
Há um perdão, uma corda, uma forca,
Há um som, uma amplitude e um vazio,

E não sei por que céus anda esta morte.

Há um espaço, uma porta,
Há uma chave, uma arma, uma loucura,
Há uma fresta, uma noite e uma sombra,


E perdi-me sem saber onde é o norte.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

"O boato é a arma da reacção"


Estávamos em 1974 e pensávamos, pelo menos pensei eu, que passada a fase instável da criação dos alicerces da democracia, o advento da alfabetização generalizada, o acesso à educação, a recuperação do atraso cultural de Portugal, iriam diminuir, ou acabar, com a força e a influência do "boato".
Erro meu. Ingenuidade indesculpável. A democratização do país e do ensino, trouxe e acelerou uma mediania intelectual que reforçou e cimentou a força do "boato".
É sintomático que um jornal que não devia existir numa sociedade civilizada, educada e esclarecida, seja o principal órgão de comunicação, que não de informação. Que viva à custa da especulação e do boato. Que viva à custa da miséria, da dor e da honra das pessoas.
Sempre defendi a liberdade de informação. Mas a existência de um Correio da Manhã faz-me pensar. A manipulação da informação, o boato, a mentira descarada, são os parâmetros éticos e deontológicos porque se rege o CM.
E o pior, o que me entristece mais, é que o povo gosta.

Cito aqui, porque adequado, uma frase de um blog “defender o quadrado”, em 4 de Novembro de 2006: Portugal anónimo, servil, humilde e de chapéu na mão, dá largas à frustração usando a sua mais hábil e antiga arma vingativa: a maledicência.
Subscrevo.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

A Praia do Meco

Lamento imenso a morte dos jovens no Meco, como lamento a morte de qualquer pessoa, ainda para mais jovem.
Posto isto, é uma imbecilidade sem tamanho explorar a dor de familiares de pessoas falecidas, dizer que há fotos que provam o que as pessoas estão desejosas de confirmar custe o que custar, seja ou não verdade.
Era o que eu calculava quando as famílias diziam ter aberto uma conta de email para “receber” informações sobre o caso. Que aparecessem engraçadinhos a explorar a situação e a inundar a conta com emails com informações falsas, a dizer que têm provas ou foram testemunhas do que não viram.
Mas, também, não posso deixar de achar lamentável que esses familiares e a comunicação social afirmem que têm fotos que provam qualquer coisa, sem nunca as ter visto, que façam uma campanha justiceira com factos que não existem, que explorem o sentimento geral contra as praxes para os apoiarem e pressionarem a justiça, para, lamento dizê-lo, desculpabilizar os actos dos seus que, custe o que lhes custar, eram praxadores, tão torcionários dos caloiros como o próprio dux.
O normal, natural, era pedir de imediato as fotos a quem as dizia ter e, então, na sua posse, afirmar o que afirmaram. E essa, perdoem-me se estou enganado, era a função de qualquer órgão de comunicação responsável, de qualquer jornalista idóneo.
Claro que não podemos exigir que o Correio da Manhã seja um jornal responsável. Não podemos exigir que os seus jornalistas sejam pessoas idóneas. Mas há limites para tudo. Principalmente quando exploram a dor, legítima, das pessoas, iniciam campanhas e tentam influenciar negativamente a opinião pública. E nos deixam na dúvida sobre quem, afinal, fala verdade.
Que algumas praxes são absurdas? Estamos de acordo. Mas os praxadores foram educados e são filhos de alguém. E com estes acontecimentos devemos tirar uma lição: ter mais atenção com a educação dos nossos filhos. Procurar incutir-lhes princípios fundamentais de vida. Antes que nos toque a nós.
Mesmo que tenham estado em actividades de praxe (para subirem na hierarquia e adquirirem competências para praxar outros), se foi um acidente provocado por um acto da natureza, o que tem uma coisa a ver com a outra enquanto não se provar que, estando na praia noutra actividade, o resultado final seria outro? Se estivessem a conversar, a fazer um qualquer jogo, ou mesmo a namorar… 
Não podemos deixar que os nossos ódios de estimação nos ceguem e nos roubem a lucidez e capacidade de análise.
E deixemos a polícia actuar sem pressões nem linchamentos antecipados.
Estamos sempre prontos a julgar e a condenar.

Nota: Acabado de ouvir a reportagem na RTP1, sexta às 9, os familiares já mudaram de versão, a fita adesiva não estava nos corpos mas espalhada na areia…


sábado, 1 de fevereiro de 2014

All of Me


Um pensamento perdido num amanhecer
num nascer imperfeito
num crescer coxo e cego
tacteando a neblina 
até morrer...
de braços abertos esperando
o cantar desenhado dos teus lábios...