quinta-feira, 18 de maio de 2017

Desenhar a preto e branco

Reponho as coisas nos seus devidos lugares
Os meus dedos que percorreram as noites
Trauteando futuros e sonhos.
Reconstruo o templo das ilusões
Agora, sem inocência, com riscos e traços a preto e branco. Admito algum cinzento. Mas nada de cor. Até o sangue será escuro como as manhãs que se libertam do alvorecer, húmidas e frias.
Admito também algum ruído. A música desvaneceu-se. Cansei-me de acordes vibrantes e melodias. A idade não permite mais embora estupidamente se tenha permitido algumas veleidades com voos breves e incertos em pautas de paixão.
Dir-me-ão que o contrário de tudo que desenho acabará por ser o mesmo que o nada de agora. É certo. Mas pelo menos terá um rumo definido e não o vogar sem leme na tempestade. Sem esperar nada a não ser a viagem sem sobressaltos.
Talvez abrace o vento. Talvez beije as nuvens.
Já caí muitas vezes. Desde que não olhe para ele o precipício não me assusta.

terça-feira, 16 de maio de 2017

Azimute



Embarco
Sigo a rota no horizonte que outros olharam e traçaram
Na amurada a lua espreita
espelhando a água que as minhas mãos beliscam
Parto
E não chego
Olho e não há fim no desenho das ondas
Encontro-me
Em caminhos que tu não trilhas
Desencontro
Sempre foi assim
Lanço âncora 
desapareço na espuma
Ouve, há um murmúrio…

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