terça-feira, 3 de maio de 2016

REQUIEM




Há espelhos que me perseguem e eu reflito-me neles. E há sorrisos que se abrem com ranger de mecanismo enferrujado cor de sangue. E há olhos por dentro das coisas, os vossos, inocentes, olhos nos meus olhos e pensamentos que tocam a ponta dos dedos  numa estranha distância e a pele tange e soa como tambor anunciando o fim do ciclo que não chegou a ser.
Há lâminas onde nasceram flores debruadas nos penhascos à beira-inferno.
E é doce o encanto de voar até ao fundo de lábios salgados sem saber quem sou.
Talvez amanhã sonhe o fim do holocausto em que vos sacrifico e à minha hipocrisia.
Talvez amanhã acorde e seja eu.



segunda-feira, 2 de maio de 2016

Rumo ao infinito



Há um navio que viaja sem destino e só conhece o ancoradouro.
Não se orienta pelas estrelas  num céu negro de perdões.
Vai saltitando calmamente na tempestade amparado pelos teus braços como trepadeiras na noite.
A confiança que deposita nos teus olhos sossega o desconhecimento que tem do rumo e do horizonte no final da história. Nunca conheceu um tempo assim de calmaria no meio de ventos gigantes e vagas colossais.
Um mar que enfrenta confiante. É teu o leme, a bússola e o compasso nesta dança. O teu sorriso traça o mapa.
Rumo ao infinito.