Só é novidade para quem nunca esteve verdadeiramente apaixonado, para quem nunca verdadeiramente amou.
É impossível recuperar de um ideal perdido. Impossível recuperar da confiança, da entrega, com que nos damos a alguém especial, sem dramatismo ou lamechice, alguém que foi único.
Continuamos a viver, mas a mágoa, a desilusão e o saber que nunca mais vamos sentir o mesmo é algo que nos deixará coxos para o resto da nossa vida.
Experimentar o verdadeiro amor é uma coisa única. Perdê-lo também.
Há muitos mundos, muitas vidas, muitos vazios e muitas
mortes.
A cada dia que passa, cruzam-se invólucros que
respiram, ávidos do que pensam ter-lhes sido negado, o olhar perscrutando o
sentir, cobertos das folhas quase secas de um outono perene.
E saem e dançam, danças macabras obsoletas, e bebem um copo
com amigos, erguendo a taça do desespero mascarado da alegria externa e falsa
de pensarem ser esse o seu destino que os fará felizes.
Hoje as pessoas têm medo. Medo de viver, de se entregarem,
de se revelarem, vivendo nas e das suas patológicas mentiras.
A intimidade das almas foi substituída pela ideia da falsa
intimidade dos corpos.
QUASE Um pouco mais de sol – eu era brasa, Um pouco mais de azul – eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe de asa… Se ao menos eu permanecesse aquém… ... ... Quase o amor, quase o triunfo e a chama, Quase o princípio e o fim – quase a expansão… Mas na minh’alma tudo se derrama… Entanto nada foi só ilusão! ... ... De tudo houve um começo … e tudo errou… — Ai a dor de ser — quase, dor sem fim… Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim, Asa que se elançou mas não voou…
Momentos de alma que,desbaratei… Templos aonde nunca pus um altar… Rios que perdi sem os levar ao mar… Ânsias que foram mas que não fixei…
... ...
Num ímpeto difuso de quebranto, Tudo encetei e nada possuí… Hoje, de mim, só resta o desencanto Das coisas que beijei mas não vivi…
Um pouco mais de sol — e fora brasa, Um pouco mais de azul — e fora além. Para atingir faltou-me um golpe de asa… Se ao menos eu permanecesse aquém…
Estamos cheios deles... Respiramos preconceitos, abusamos. Não nos faz mais felizes e, pelo contrário, gera infelicidade para os que escolhem diferente...
Um dia interrompo o andar. Deixo a meio esta viagem. Talvez me sente numa pedra na beira do caminho e fique por aí. Ocasionalmente reparando na forma das nuvens, tentando descobrir onde te escondes. Vendo germinar nas minhas mãos, com as primeiras chuvas, as sementes que pensei secas e inférteis, esquecidas em tempos de abundância. Falta-me a música para acompanhar o ritmo da minha imobilidade escolhida. Pensando bem, falta-me tanta coisa... Umas mais importantes que outras. Estabeleço mentalmente uma escala de hierarquia da necessidade e importância das coisas que deixarei para trás. A lista é curta. Mas de tudo o que me faltará e consta da lista, salvaguardando prováveis esquecimentos, o que me fará mais falta é o canto do teu olhar. Não sei porque é que as coisas têm de ser assim. Mas são. E nem uma retrospectiva, estilo prognose póstuma de Frank, me dará a resposta que preciso. Talvez precise de um acto de fé. É, hoje sinto-me assim...
Foi com estas palavras, deixadas numa nota encontrada na casa onde vivia e se suicidou, em 3 de Maio de 1987, que Dalida se despediu do mundo.
Mulher de causas, abraçando a luta contra a sida, defensora das rádios livres ou "piratas" e do "gay-pride", Dalida foi uma mulher profundamente marcada pelo suicídio de alguns dos seus companheiros e em depressão constante.
Um desses episódios trágicos e mais importantes acontece a 27 de Janeiro de 1967. Dalida participa, com Luigi Tenco, seu companheiro, no Festival de San Remo. Ciao amore ciao era o nome da canção que acabou eliminada. Luigi não suporta a desilusão e suicida-se com um tiro na cabeça, na mesma noite em que tinham decidido anunciar o seu futuro casamento. A 16 de Fevereiro ela volta a interpretar Ciao amore ciao com a intenção de não cantar mais. Dez dias depois tenta o suicídio pela primeira vez.
Nunca recuperará, verdadeiramente, da morte daquele que é considerado o grande amor da sua vida.
Dalida, com a sua tragédia, a sua música e as causas que abraçou, transformou-se num mito. A par de Édith Piaf, Dalida foi considerada a cantora popular francesa mais marcante do século XX, segundo sondagens efectuadas em 2001.
Cat Stevens ou Yusuf Islam a cantar Lady D’Arbanville em inglês já todos conhecem (ou quase todos).
Mas estou certo que é novidade ouvir Dalida (de seu nome Iolanda Christina Gigliotti, que haveria de cometer suicídio em Maio 1987 e de quem falarei noutra publicação) a cantar uma versão em francês e Gigliola Cinquetti a cantar uma versão em italiano.
Eu não sou perfeito. Mas encontro os momentos perfeitos quando deixas que as minhas mãos te amem sem jeito. Encontro os momentos perfeitos, sábios, quando vejo nos teus olhos essa dança sem vergonha de quem ama, janela de tempo com sabor indecifrável que nasce num murmúrio dos teus lábios. Quando faço da planície perfeita do teu ventre maleável o meu mais doce e deslumbrante leito. E é perfeito. RV - Fev/2012
Embora recheada de episódios caricatos e tenebrosos praticados pelo "povo de deus", a bíblia tem, por vezes, passagens interessantes se despojadas da sua carga divina. Lembrei-me desta neste domingo... Que raio! Por vezes acredito que estou muito longe de um dia poder falar ou entender a língua dos anjos, nem sei se há dicionário ou tradutor para o efeito. Da língua dos homens nem se fala. Definitivamente não a entendo.
"1 - Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. 2 - E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.