quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
Leite e mel
Sou
Por vezes
Um ser cinzento
Mas inalo os dias que cinges
A tiracolo
Aljava que guarda as bíblicas terras
De leite e mel diluídas na esguia arca
Dos sentidos a que chamas corpo
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
Passados XI
Janeiro 2012
Água rasa
Às noites sucedem-se as noites vindas destes candeeiros de neblina
De cansados metálicos filamentos destacam-se outrora coloridas sombras dos ramos
Desenham folhas mortas repousando finalmente no chão
Se o dia amanhece perdem-se os contornos dos lábios
Sou eu que me calo na água rasa do teu nome
Passados X
Janeiro 2012
Perfeito
Eu não sou perfeito.
Mas encontro os momentos perfeitos
quando deixas que as minhas mãos te amem sem jeito.
Encontro os momentos perfeitos, sábios,
Encontro os momentos perfeitos, sábios,
quando vejo nos teus olhos essa dança sem vergonha de quem ama,
janela de tempo com sabor indecifrável
que nasce num murmúrio dos teus lábios.
Quando faço da planície perfeita do teu ventre maleável
o meu mais doce e deslumbrante leito.
E é perfeito.
Onírico
Sonho contigo
Acordas-me voraz
Devorando o interior das luzes opacas
Da cidade
Solicitas a passagem
Por terras de ninguém
Onde florestas inominadas
Querem saber de ti
E do mistério de gazela
Nas tuas pernas
Sonho contigo
As tuas mãos
Repletas de outros sonhos
Dilacerados pelos lábios da vontade
Reais como cerejas
Diamantes do milagre plantado
No umbigo da esperança
Sonho contigo
Como todas as noites em piercings de veludo
Em que te amo-exploro-conheço e não me canso
Dos segredos de estátua viva
No cortejo de sabores de quebra-mar
Nele permanecendo resistindo
Às vagas sucessivas do teu corpo
Sonho contigo
Desde que o universo
Se tornou biverso na nossa conjunção
Encruzilhada decantada de alocuções mágicas
Rituais serenos
Que pronuncias num êxtase de contracção
Ansiado por desdenhosos deuses infinitos
Que nos tangem mortais
E prometes o amor e a eternidade
Do nascer dos dias
Acordas-me voraz
Devorando o interior das luzes opacas
Da cidade
Solicitas a passagem
Por terras de ninguém
Onde florestas inominadas
Querem saber de ti
E do mistério de gazela
Nas tuas pernas
Sonho contigo
As tuas mãos
Repletas de outros sonhos
Dilacerados pelos lábios da vontade
Reais como cerejas
Diamantes do milagre plantado
No umbigo da esperança
Sonho contigo
Como todas as noites em piercings de veludo
Em que te amo-exploro-conheço e não me canso
Dos segredos de estátua viva
No cortejo de sabores de quebra-mar
Nele permanecendo resistindo
Às vagas sucessivas do teu corpo
Sonho contigo
Desde que o universo
Se tornou biverso na nossa conjunção
Encruzilhada decantada de alocuções mágicas
Rituais serenos
Que pronuncias num êxtase de contracção
Ansiado por desdenhosos deuses infinitos
Que nos tangem mortais
E prometes o amor e a eternidade
Do nascer dos dias
Maldito
Ardo em veios de sangue
Que cortam a pedra frágil
Navego inerte por mares amedrontados
Com olhos de sal
E pela noite os pássaros de morte despedaçam
lentamente o luar que me visita
Nos corpos esfaimados esmaecidos
Malditos
Sou apenas eu e não sou eu
Apenas nada
No meio desta tormenta
Esvoaço suplico
Desapareço
Envolto no desejo final de um
Milagre que nunca
Verei acontecer
domingo, 21 de dezembro de 2014
Entre galáxias
Há muitos anos que perdi a conta às estrelas
Ou talvez tenha desistido de as tocar
Com a teimosia de quem na escuridão indica
Um caminho que não vai dar a lado nenhum
Uma estrada feita das serpentinas
que ficam penduradas meses sem fim nos braços
Das janelas mudas e cegas
Há muitos anos que perdi a conta às palavras
Ou talvez tenha desistido de as pronunciar
Ressoando nas paredes metálicas desta jaula
Onde permaneço exangue
Esperando o despertar
Dos teus lábios nos meus
A liberdade que procuro
Sei que tudo existe
Estrelas-Palavras-Escuridão-Caminho-Lábios-Liberdade
Sobreviverei
Nesta luta interna entre galáxias?
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
Enredo
Não tenhas medo da alquimia
Da mudança
Da geometria variável do prazer
Soçobras em teoremas inacabados
Num gemido ténue
Envergonhado
Assumes a divindade do líquido
E lento desdobrar da minha língua
No avesso da tua
Como se nascidas assim
Inevitavelmente enredadas
Em cada centímetro quadrado do
Corpo
Esquadrinhado e lentamente
Retido
Na promessa única certa
Indivisível alucinada
Do que foi
Do que há-de ser
Por detrás do dia de ontem
Foste apenas sonhada
Em quadros de melancolia
Na sombra onde o vazio onde nem o vazio existe
Perdura
Nunca exististe
O sonho não existe
Ao contrário dos fantasmas que
Fluem murmurantes do veludo em
Que transmutei a tua pele
Fugindo
Do marmóreo passado embaciado
Onde sepultei sufocados
Os dedos que cresceriam na noite
Miragem no oásis
Em que imaginei a tua fonte
Dessedentei-me
E o teu sabor no
Mistério do silêncio
Tinha as cores que inventavam
O nascer do dia
Adormecido nas nuvens
Foste apenas sonhada
Repetidamente
Com a insistência de quem
Esqueceu como é sonhar
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
Passados IX
Entre2Mundos
O espaço que tenho dentro de mim
são devaneios
Sou assim composto de matéria nebulosa
onde cintilam memórias
da galáxia onde me movo
Uma parte deseja
outra sonha
Uma parte está contigo
outra viaja ao teu encontro
E nesse espaço sem fim
onde gelo e sufoco
descubro a porta mais secreta
onde rasgo os meus dedos
desenhando o tempo
És a lembrança sepultada
balançando sem sombra nem sol
oscilando entre 2 mundos
descendo um rio sem fim
E quando me perguntarem quem sou
direi que sou pouca coisa
Aquilo que o coração fez de mim
Novembro 2010
Passados VIII
Quisera
Quisera ter tocado a tua alma como toquei o teu corpo
Quisera prolongar indefinidamente este círculo imenso
De véus e sombras encerradas
Que nos devolvem e envolvem em pequenas vitórias.
Quisera que me tivesses entendido como eu te entendo
Como se o amor fosse coisa rara e extravagante
Quisera que o mundo fosse outro bem diferente
As palavras para mim simples mortais
E eu, simples como sou, e nada mais
fevereiro 2010
domingo, 23 de novembro de 2014
Perdido
A morte só dói a quem ainda não morreu a quem
nunca morreu e eu de vez em quando
retorno à beleza do sonho e da noite num abrir
e fechar de olhos de delírio
como se fosse um vírus sem nome
permanente
esquecido de meio século que perdido levei
para te matar
vestido com as máscaras fúnebres já gastas
que a manhã se cansou de me vender
ao acordar
domingo, 2 de novembro de 2014
Passados VII
O Beijo (The Kiss)
Andas por mim como se tudo fosse teu.
Andas não, flutuas, danças, ou sou eu que te vejo assim.
Então sorris.
Com aquele trejeito especial, arqueando os lábios.
Toda tu sorris.
Os teus olhos sorriem.
A tua pele sorri.
As minhas mãos sorriem no teu sorriso.
E nos teus lábios eu flutuo também.
Colada a mim.
Andas não, flutuas, danças, ou sou eu que te vejo assim.
Então sorris.
Com aquele trejeito especial, arqueando os lábios.
Toda tu sorris.
Os teus olhos sorriem.
A tua pele sorri.
As minhas mãos sorriem no teu sorriso.
E nos teus lábios eu flutuo também.
Colada a mim.
fevereiro 3, 2012 - 22:54
Tu e Eu
A intensidade do dilúvio
Que escapa em delírio na tua voz
Sobrepõe-se à música que os meus dedos ouvem
Ao desmontar os segredos pendurados na tua pele.
És tu e eu.
E a mistura de sabores no arco-íris
Que escondes na ponta da tua língua.
Lanças-me o desafio que guardas no limite dos meus lábios
Esquecidos da simplicidade húmida da chuva.
E passeias, ondulas, na superfície onde deito pétalas de flores
Que não sabia arquejantes e coloridas
Quando as colheste para mim.
És tu e eu.
E assim ficamos lembrando o leito da manhã imóvel
No balanço entoado dos nossos corpos.
Que escapa em delírio na tua voz
Sobrepõe-se à música que os meus dedos ouvem
Ao desmontar os segredos pendurados na tua pele.
És tu e eu.
E a mistura de sabores no arco-íris
Que escondes na ponta da tua língua.
Lanças-me o desafio que guardas no limite dos meus lábios
Esquecidos da simplicidade húmida da chuva.
E passeias, ondulas, na superfície onde deito pétalas de flores
Que não sabia arquejantes e coloridas
Quando as colheste para mim.
És tu e eu.
E assim ficamos lembrando o leito da manhã imóvel
No balanço entoado dos nossos corpos.
janeiro 3, 2012 - 19:06
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
Passados VI
Silêncios
20 de Agosto de 2010
Hoje, recuso-me a escrever sobre outra coisa qualquer que não seja o teu silêncio.
Porque nas horas, e são tantas, em que te penso, posso imaginar a formação dos vocábulos nos teus lábios, a projecção dos fonemas. Recrio a tua voz, sussurrando nos meus ouvidos, dulcificando as palavras.
Sinto o silencioso toque da tua mão, os lábios semicerrados que tímidos se entregam, a tranquila planície da tua pele.
E escuto. Escuto a minha tristeza, a angústia e a ansiedade que tu consegues afastar, como se uma mão divina (e só para isso existiria deus) desfizesse as nuvens que um dia espalhou no infinito.
Mas, sobretudo, escuto os momentos de alegria, a felicidade.
Em silêncio.
No entanto, agora, é de outro silêncio que falo, aquele que tem o ruído e o som da dor. Daquela dor que corta, que tinge, que desfaz.
Aquela dor de passear junto ao mar sem ouvir a areia a queixar-se debaixo dos nossos pés descalços, aquela dor de ver as ondas rebentando mudas. Aquela dor de ver gaivotas cruzando o céu enegrecido e não nos ser concedido o poder de voar.
Recuso-me a escrever sobre outra coisa qualquer que não seja o teu silêncio.
Porque me habituei à tua viva presença e companhia noutros silêncios.
Se não soubesse
Se não soubesse nadar,
nadava.
Se não soubesse cantar,
cantava.
Se não soubesse morrer,
morria.
Se não soubesse sonhar,
do outro lado do tempo, sonhava-te.
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
Passados V
Não sou ninguém
Setembro de 2010
Não sou ninguém
para além daquilo que lês!
Podia bem não existir
ou existir noutra forma
talvez
quem sabe translúcida e errante
partir e regressar
viajante
uma e outra vez.
Não sou ninguém
para além daquilo que crês!
Existo apenas a espaços
em espelhos
já demasiado baços
quem sabe pelo sobressalto das marés
de quem voa contra o vento
contra a vida
e de través.
Não sou ninguém!!
Apenas imaginação
num hiato obscuro da criação.
Não vês?!
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Chegou o tempo
Chegou o tempo
Em que tudo o que me cansa, cansa-me
Em que tudo o que não gosto, não gosto
Em que não procuro o que não me procura
E o desejo vazio e cinzento assola-me
Chegou o tempo
De me cansar até estar exausto do que não gosto e não
procuro
Sou apenas um junco oco no juncal
Ecoando o rio onde aves nadam e peixes voam
E a felicidade é uma nuvem repleta de estrume
Com forma de borbulha na nádega esquerda de deus
Chegou o tempo
Em que respirar não chega nem é lúcido
Nesta cama em que me vejo de estrelas mortas
Chacal beijando as fontes onde a água fresca canta
Procrastinando o seu bondoso suicídio
No lodo repleto de moscardos
terça-feira, 29 de julho de 2014
A verdade é meia palavra do amor
A verdade é meia palavra do amor
De costas voltadas olhando-nos do espelho das nuvens.
As pernas agrilhoadas nas raízes
Que nos tolhem de falar da dor.
A verdade é meia palavra do ódio
Nas mãos que nos cegam com ilusória idade.
Envergonhados nos estames por onde o vento se contorce
Ouvimos o sonho que desespera e enraivece.
A verdade podia ser mel
E acaba sendo cicuta que devagar nos destrói e enlouquece.
segunda-feira, 7 de julho de 2014
Pequenas almas
Há 3 anos tirei esta foto a que dei o nome de "pequena alma ao sol".
Há 3 anos eram 3 pequenas grandes almas ao sol, a Gigi, o Luna e a Mercedes.
Primeiro abandonou-nos a Gigi, em Setembro do ano passado. Depois o Luna, em Dezembro.
Dia 4, quase a fazer 6 anos, que faria hoje, dia 7 de Julho, partiu a Mercedes, com um linfoma fulminante a que resistiu apenas 15 dias.
Apesar dos filhos adoptivos da Mercedes continuarem connosco, a partida destas três grandes almas, que nos amaram incondicionalmente, deixa-nos mais pobres.
E imagino agora os três juntos de novo a brincar.
Godspeed Mercedes...
Há 3 anos eram 3 pequenas grandes almas ao sol, a Gigi, o Luna e a Mercedes.
Primeiro abandonou-nos a Gigi, em Setembro do ano passado. Depois o Luna, em Dezembro.
Dia 4, quase a fazer 6 anos, que faria hoje, dia 7 de Julho, partiu a Mercedes, com um linfoma fulminante a que resistiu apenas 15 dias.
Apesar dos filhos adoptivos da Mercedes continuarem connosco, a partida destas três grandes almas, que nos amaram incondicionalmente, deixa-nos mais pobres.
E imagino agora os três juntos de novo a brincar.
Godspeed Mercedes...
sábado, 21 de junho de 2014
Veneno
Por vezes lembro-me de ti
Com a mesma leveza infalibilidade e indiferença
Com que a terra vê a chuva desvanecer-se
No odor da manhã
Deixaste de ser o templo
No qual espreguiçava o meu corpo
Em orações ímpias perdidas no tempo
E na monotonia profana do teu coração
Por vezes lembro-me de ti
Como um ácido ou veneno
Corroendo o que sobrou de mim
quarta-feira, 4 de junho de 2014
Passados IV
No tempo em que as nossas almas não tinham forma
12 DE SETEMBRO DE 2009
No início dos tempos, ainda a terra era apenas um projecto nas mãos de deuses desconhecidos e sem nome, as nossas almas não tinham forma.
Vogavam ao sabor daquilo que um dia se veio a chamar brisa, num imenso vazio azul (embora a noção de azul não existisse ainda).Não existia princípio nem fim, e éramos apenas sentir e sentimento.
Não havia dor, partida, separação... não havia tristeza.
E estávamos certos que seria assim para sempre, juntos e completos.
Não queríamos que fosse diferente.
Mas à nossa volta os mundos formavam-se.
De início massas indistintas em ebulição, vapores, trovões, raios...
Tudo demasiado distante para nós que nem sequer sabíamos o que era "preocupação".
De repente, tomámos consciência da vida. Tomámos consciência um do outro.
Foi nessa altura que fomos postos à prova.
Saberíamos experimentar essa coisa nova chamada "vida" sem nos perdermos?
Saberíamos reconhecer-nos mesmo depois de separados?
Seria essa força que nos juntou suficientemente forte para nos voltar a unir?
Foi nesse tempo que aprendemos o que era o verde que pintava as montanhas, aprendemos o que era o azul líquido do mar.
E como quem vai a um baile de máscaras, vestimos a nossa alma.
Tu mulher, eu homem.
Cada um de nós, parte do que sempre fomos juntos.
E partimos. Em direcções diferentes, jurando e prometendo que o que nos unia era mais eterno do que todo o tempo finito que estivéssemos perdidos um do outro.
Jurando e prometendo que nos voltaríamos a encontrar, porque era esse o destino, como dois ímans que se atraem...
Inventámos o amor.
E foi assim, com a separação, que a vida começou.
Passados III
Vivo de sombras
25 de Abril de 2011
Entra.
Senta-te.
Pode ser naquela cadeira onde nunca te sentaste, perto de mim.
Ainda tenho tempo para te falar, tomar um café, fumar um cigarro e para te ouvir.
Os teus olhos, nunca os vi assim, tão transparentes e brilhantes.
Talvez porque das outras vezes que vieste não perdeste tempo comigo, vinhas por outras razões, vinhas por gente que amei.
Hoje, vens por mim, e eu vesti a minha melhor roupa. Deitei-me, imóvel, à tua espera, como se antes a Górgona Medusa tivesse passado por aqui, antes ainda de Perseu a matar, antes ainda de Pégaso nascer do seu sangue derramado.
Sabes, o dia acabou, sempre igual, e a noite chegou. Como sempre, sem nada para fazer.
Cansado de estar aqui a rabiscar em papéis, a sonhar. Por isso tenho tempo para conversar e te conhecer melhor.
Entra.
Senta-te.
Diz-me como vai ser o futuro, já que vens das terras sem tempo.
Antes de ir a qualquer lado contigo, quero saber.
Há música de onde vens? Sol? Chuva? Sentimos o vento na nossa cara?
Entra.
Senta-te.
Não me beijas? Tão séria e branca. Tão distante.
Vamos então, faz-se tarde, o dia nasce.
Não tenho malas a fazer.
Tudo o que tenho transporto nos meus braços e mãos.
E as sombras não têm peso.
segunda-feira, 2 de junho de 2014
Tradições
Não há "honra" em nenhuma tradição bárbara, seja ela qual for, quer o objecto dessas tradições seja a vida e o sofrimento humano, quer seja o sacrifício, tortura e sofrimento de animais.
Luta de galáxias
Luta de galáxias, a que nós não assistiremos...
Seremos pó muito antes disto acontecer.
Os nossos deuses e as religiões, tudo o que inventámos para nos entreter e nos fazer importantes no universo, terá desaparecido.
A lembrança da terra será igual à recordação que temos de um único grão de areia numa praia.
E no entanto...
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Não há morada para a raiva
La chambre de Van Gogh à Arles, 1889
Musee d'Orsay, Paris
Há uma porta que não abre nem fecha
E que não leva a lado nenhum
Há uma escada que não sobe nem desce
E não serve de passagem
Há uma janela de vidros baços
Sem paisagem e sem ar
Não há nenhuma casa que sustente esta ilusão
Não há morada para a raiva
Cama onde se deite a esperança
Parte de um projecto sem nome
Que fazia parte do tempo e nunca chegou a partirquinta-feira, 22 de maio de 2014
Passados II
Nada
11 de Abril de 2013
Vens a meio da noite
Com asas de murmúrio
E incerteza de veludo
Ressoando levemente
Os teus passos no meu sangue
Vens a meio da vida
Com magia de milagre enjeitado
Deusa no altar de seda dos meus dedos
Vens dona e senhora
Dos canaviais que florescem
Na humidade deserta dos meus olhos
Vem
Sou ar e terra
Mar e horizonte
Vem
És árvore e sol
E eu não conheço mais que o nada
Com asas de murmúrio
E incerteza de veludo
Ressoando levemente
Os teus passos no meu sangue
Vens a meio da vida
Com magia de milagre enjeitado
Deusa no altar de seda dos meus dedos
Vens dona e senhora
Dos canaviais que florescem
Na humidade deserta dos meus olhos
Vem
Sou ar e terra
Mar e horizonte
Vem
És árvore e sol
E eu não conheço mais que o nada
Quadro:
Old Man in Sorrow (On the Threshold of Eternity)
Vincent van Gogh - 1890
Zéfiro
26 de maio de 2013
Se pudesse seria assim como Zéfiro
Soprando suave anunciando-te uma primavera
Despojada de ervas daninhas assolando a terra fecunda
Se pudesse seria um tempo
Criado expressamente
No desconhecimento das palavras mais frias
Onde nunca seria pronunciada a tristeza
Soprando suave anunciando-te uma primavera
Despojada de ervas daninhas assolando a terra fecunda
Se pudesse seria um tempo
Criado expressamente
No desconhecimento das palavras mais frias
Onde nunca seria pronunciada a tristeza
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