sábado, 17 de janeiro de 2015

Papa Francisco (PBUH)

Atirados de telhados por serem gays, crucificados por roubo, lapidada por adultério...
Havia diversas coisas que poderia dizer sobre isto. Provavelmente insultuosas.
Mas depois lembrei-me das palavras do nosso bom Santo Padre Francisco (PBUH), a criticar o Charlie Hebdo, com aquela secreta satisfação de os ver pagar pelas críticas e insultos desrespeitosos à igreja, a unir-se em solidariedade e defesa com a extrema-direita e o Islão radical na tentativa de aprisionar (como sempre a igreja soube fazer) a nossa liberdade de pensar e a ensinar que não se deve insultar a fé de ninguém e as suas convicções mais profundas. Que nada deve ser questionado para se manter o poder.
Portanto, jihadistas, com a bênção do Santo Padre, prossigam na vossa fé, no vosso caminho espiritual, no exercício das vossas convicções.
Ao fim ao cabo, são água do mesmo rio, e o que vocês fazem não é muito diferente do que se fazia aqui recentemente (1836) e que alguns gostariam de voltar a ver.
Tudo sempre em nome "d'Alguém", em nome dessa coisa maravilhosa e que serve para tudo, que cega, que justifica tudo, o melhor e o pior, chamada fé.



Execuções no Estado Islâmico (2015)

A última vítima da Inquisição (Espanha, 1836)



terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Passados XII



Março 2012
Quando te conheci


Descobri que existe muito mais do que eu sabia.

Isto foi quando te conheci.

Até aí a vida era uma monótona sucessão de cinzentos e ruído, 
de verdades velhas e agoirentas, bolorentas esplanadas sob o sol insonso da manhã.
Foste colorindo as telas que os meus olhos destapavam. Pouco a pouco.
Primeiro desenhaste em traços leves e, por fim, 
inundaste-as com as cores mais musicais e os sons mais coloridos.
Trouxeste-me os odores invasivos do toque dos dedos, do roçar dos lábios
destilando perfumes raros percorrendo o teu corpo.

Isto foi quando te conheci.

Daí para cá os dias tornaram-se em paredes recheadas de cor e obras de arte. 
O chão que pisas pauta de concertos infindáveis 
nos quais as notas é o meu amor que as desenha em ti.

Sei que existe muito mais para eu saber e me ser dado a conhecer.

Ainda agora comecei.




Grito


Estou morto quando estou sem ti, mal te deixo.
Sem aquela leve sensação da pele ou da sofreguidão de respirar
como se ainda não estivesse morto mas a morrer com os teus olhos dentro de mim.
Rodo sobre um eixo imaginário com o sol e a lua como únicas constantes. 
Rodopiam as maravilhas do mundo nuvens copas de árvore 
e o sangue que me entontece.
E sempre a tua imagem que não consigo separar de qualquer outro pensamento.
Colada a todas as emanações da consciência ou da alma
o núcleo central daquilo que me tornei.
Fecho os olhos embebedo-me de cafeína e nicotina, 
espero pelo amanhecer.
Tudo à minha volta vive, 
grita 
e chama por ti.


  Janeiro 2012
Harmonia


Assumes as variadas formas do nosso amor e da paixão.
Sem abrir os lábios
(ou talvez não dê por isso e os veja entreabertos apenas para o beijo)
pronuncias múltiplas palavras e sons
em que tudo se muda e fica dito
encantando o meu mundo nessa harmonia
transformada em música e cantar de anjo.
A verdade é que fazes tudo isso essencial para mim
e és por isso a dona desse espaço em que me vejo.



Podia ser


Não sou o teu poeta
Já que poeta não sou
Mas sou teu. 
É teu o meu coração. 
É teu o meu nome sempre que me quiseres chamar e invocar.
É teu o meu cabelo, a minha pele, o meu calor, sempre que o frio te envolver.
São tuas as minhas palavras, que de ti, por ti e para ti nascem, 
sempre que as quiseres ouvir.
Há muito que me entreguei e entreguei nas tuas mãos 
a vertigem do meu sangue
os abismos onde resido
os mares onde navego
Tudo é teu.

E sou teu.