terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Por detrás do dia de ontem


Foste apenas sonhada
Em quadros de melancolia
Na sombra onde o vazio onde nem o vazio existe
Perdura 

Nunca exististe

O sonho não existe
Ao contrário dos fantasmas que
Fluem murmurantes do veludo em
Que transmutei a tua pele
Fugindo
Do marmóreo passado embaciado
Onde sepultei sufocados
Os dedos que cresceriam na noite
Miragem no oásis
Em que imaginei a tua fonte

Dessedentei-me 

E o teu sabor no
Mistério do silêncio
Tinha as cores que inventavam
O nascer do dia
Adormecido nas nuvens

Foste apenas sonhada
Repetidamente
Com a insistência de quem
Esqueceu como é sonhar





1 comentário:

Ana Carvalho disse...

Incrível como é visível a tua vertente, acho aqui um pouco de Augusto dos Anjos e do próprio Nietzsche. Uma mistura de grandes mestres. Me diga, já publicou seu livro?