quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

À flor da pele

Na flor da tua pele descobri inscrições primevas que decifrei com a ponta dos meus dedos.
Falavam de histórias antigas, segredos de deuses sem cara, desaparecidos na névoa dos teus lábios em derradeiras batalhas pelo paraíso.
Na flor da tua pele descobri sementes por plantar, à espera do calor que transportei no amanhecer da descoberta e de poderem florescer na seiva dos nossos corpos.
Na flor da tua pele descobri o veneno que me assombrou e enlouqueceu.
Os segredos eram mais do que tu, eram a vida e a origem de tudo, as tormentas e o paraíso adivinhado.
E eu, como um recém-nascido, aprendi a respirar, a caminhar, ao som das pétalas sussurradas no teu peito.
Hoje espero apenas ter de volta os olhos que perdi do outro lado do espelho que um dia me reflectiu e que eles me levem suavemente até aos dedos que possam decifrar as lendas que eu próprio carrego e jazem desenhadas à flor da minha pele.

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