segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Procrastinado

Se alguma coisa posso dizer da minha vida, assim a jeito de epitáfio ou elegia fúnebre, é que ela nunca foi uma vida monótona.
Repleta de momentos, felizes/tristes, bons/maus, como se algo existisse que não deixasse nenhum deles prolongar-se e correr o perigo de profanar esta sensação de insatisfação permanente.
A minha epifania é essa, a revelação de que há pessoas que nasceram para não ser felizes, outras para o ser e, depois, há aqueles, indefinidos como eu, que vivem entre esses dois mundos, viajando sem rumo incessantemente, sem tempo para desfazer as malas ou chamar qualquer coisa de seu.
Vivi tudo o que tinha a viver e a vida acabou por me mostrar tudo o que tinha para me dar. E é, ou foi, muito pouco.
A volatilidade da existência, dos sentimentos e das palavras faz parte de nós que nascemos condicionados ao espartilho do corpo que se degrada e de um espírito que, demasiadas vezes, não se consegue libertar.
Não vale a pena perder tempo. Cada minuto conta. E eu, infelizmente, procrastinei, sem querer, os meus dias.
Considero-me um ser humano adiado. Uma vida que poderia ter sido e não foi.
Pensei de mais e agi de menos. Afastei aqueles que me amavam, sempre de olhos postos num amor impossível que ninguém teve a capacidade de entender ou de me dar, achando que merecia mais do que realmente mereci.
E o pior é que não há botão de stop/rewind nesta vida. Nem salvação.

Apenas as memórias que nos atormentam e nos matam lentamente.


De memórias somos feitos. Lembremos, então, As Tears Go By, original de 1964 dos The Rolling Stones (tinha eu 8 anos!!), celebrizado na voz de Marianne Faithfull e dos próprios Stones em 1965.
Ao mesmo tempo uma versão mais actual na voz de Franco Battiato e Antony Hegarty.
Só para ser um som diferente. Fiquem bem... and have a nice week!






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