domingo, 1 de fevereiro de 2015

Esta é para ti

Hoje escrevo para ti.
Pois é, tantas vezes dizem que escrevo para ti, 
como se para mim tivesses a importância transcendente de uma estrela
e tudo girasse à tua volta. 
Pelo menos “pensam” que eu me movimento em translação
onde paira a tua petulante e falsa intelectualidade.
Como se tudo na minha vida se reduzisse a ti. 
Mas hoje escrevo para ti. 
Para satisfazer a curiosa vontade de quem repete que escrevo para ti, 
como se só existisse a tua pele. 
E não é verdade, acreditem. 
Na verdade hoje escrevo, também, para te agradecer, já que foste apenas
um breve trecho numa história mais longa e com personagens
mais importantes que me fizeste recordar.
Agradeço-te para não esquecer que quem amei e se cruzou comigo
não atormenta nem assombra o meu futuro. 
Porque tive sorte. A sorte de uma vida cheia de seres extraordinários, 
humanos e não humanos, que, por uma ou outra razão, 
apenas tiveram de partir antes de mim.
E tu, que não fazes parte desse rol, não ficarás na memória 
da minha eternidade.
Hoje escrevo para ti. Especialmente para ti. 
Porque não tenho fantasmas.
E porque a fragilidade das palavras, por vezes,
não suporta a obesidade da vida.



1 comentário:

Ana Carvalho disse...

Que lindo. Que belas lembranças, vivas e encantadoras lembranças, heranças para uma vida inteira. Parabéns!